O PRIMEIRO DIA - A SEGUNDA VISITA - Sr. João
Um calor exaustivo e a sensação de que poderia ficar elaborando a primeira visita pelo resto do dia, mas eu mesma pedi para serem duas nesse primeiro dia, então, vamos lá...
Respira fundo que nem tudo são flores.
Na segunda visita a recepção de cara não nos pareceu favorável.
Dona Neli cuida sozinha de Seu João. 24 horas por dia, 7 dias por semana.
Exausta, desamparada, desalentada...
A sensação de que éramos um estorvo.
Terezinha apresentou a palhaça Solenta e iniciou os seus procedimentos, que foram mais longos do que o esperado pois Seu João estava com feridas que precisavam de uma atenção especial e Dona Neli precisava de uma orientação para cuidados posteriores.
Solenta ficou na sala, esperando, olhando porta retratos, buscando brechas de abertura para conseguir acessar e sensibilizar Dona Neli. Esse caminho foi longo mas recompensador quando a fresta se abriu.... O fio foi o da cidade natal deles: Exu em Pernambuco, cidade de Luiz Gonzaga. E assim, o "Rei do Baião" abriu as portas para a alegria entrar.
A comunicação verbal de Seu João é bem precária, as palavras mal conseguem se formar e ganhar volume. Mesmo assim pudemos perceber seu esboço de sorriso ao ser indagado por Terezinha se ele queria ter um nariz igual da Solenta. Mesmo assim, pude perceber que ele tentou cantar com Solenta a música Asa Branca de Luiz Gonzaga. As vezes expressão de dor, às vezes de sono... mas ele podia perceber e se intrigar com aquela figura que alternava silêncios e espalhafatos.
D. Neli, aos poucos foi se entregando, se abrindo, desabrochando.
E lentamente o que parecia uma intervenção difícil acabou com uma confraternização na rua . Mauro o motorista, uma conhecida que voltava da padaria, a vizinha da frente que aguava as plantas...
"Isso joga água nas plantinhas pra elas ficarem contentes...."
Como disse Terezinha, Dona Neli ficou iluminada!
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