D. Adelaide - Retorno

Depois de quinze dias sem fazer visitas e já recuperada de seus cansaços, Solenta, acompanhada pela enfermeira Terezinha, não via a hora de chegar à casa da querida D. Adelaide. Quando o carro parou em frente à casa, Solenta avistou Cidoca, a filha de D. Adelaide, na janela da cozinha. Ali mesmo, de dentro do carro, Solenta começou a gritar: "Cidoca, dessa vez não vou embora sem tirar um retrato seu junto à namoradeira da janela." Quando Cidoca abriu a porta e veio nos abrir o portão, Solenta pôde ver que novamente ela estava vestida de vermelho, igual à boneca. Ela perguntou: "por quê você quer tirar essa foto?" E Solenta disse: "porque vocês são iguaizinhas." Então, ela, que já estava para o lado de fora do portão, junto ao carro, levou a mão aos peitos e disse: "mas justo hoje que eu não estou com uma blusa decotada!" E começou a cantar: "você não vale nada mas eu gosto de você..." Quando se deu conta que estava fazendo aquilo tudo na frente do motorista, fez que ficou tímida. Solenta apresentou Orlando e disse que ele nem tinha visto nada, que ele estava entretido fazendo suas anotações. Depois de cumprimentar e abraçar Cidoca, Solenta correu para encontrar D. Adelaide. Cidoca disse que ela provavelmente estaria cochilando, mas que nada, para a profunda alegria de Solenta, ela estava bem acordada e as duas se abraçaram com muito gosto. O dia estava bem quente, e de repente surgiu Lica, neta de D. Adelaide, com uma cara de quem estava despertando de um sono profundo. Solenta se desculpou por falar tão alto e causar tanto tumulto, mas ela disse que estava tudo bem. Depois que Terezinha também abraçou D. Adelaide e fez suas avaliações e tiraram algumas fotos, ela foi com Cidoca e Lica para cozinha. Solenta e D. Adelaide ficaram sozinhas e Solenta começou a sacar as surpresas que levou para ela. Primeiro se desculpou por ter tido a idéia de um presente que não conseguiu concretizar. Como D. Adelaide sente muito calor e gosta de leques, Solenta pensou em fazer um leque com uma foto linda, que Terezinha tirou no encontro anterior, em que apareciam D. Adelaide, Cidoca, Lica e Solenta. Só que Solenta não foi capaz de realizar a confecção de tal presente. Adquiriu um leque que serviria de base, levou para ampliar uma foto bem grande que daria segundo o tamanho do leque, mas na hora de fazer, percebeu que era um trabalho delicado demais para sua atrapalhação. Assim, ela entregou o leque simples, a foto ampliada, e um porta retrato, daqueles que ela pinta com a mesma foto em tamanho menor. D. Adelaide abriu o embrulho do porta-retrato com a maior delicadeza. Mas a melhor surpresa ainda estava por vir. Solenta montou sua vitrolinha e colocou Martinho da Vila para cantar. "Canta, canta minha gente. Deixa a tristeza prá lá..." Ela adorou, disse: "parece que a gente vê ele aqui na frente da gente." Então, Solenta deu a capa do disco na mão dela. E aí foi uma cena muito linda, que pareceu bem reveladora do jeito de ser de D. Adelaide. Uma mistura de pura inocência com uma pitada de malícia. Ela pegou a capa com as duas mãos, tascou um beijo no retrato de Martinho da Vila e disse: "oh nêgo bonito!" Solenta adorou aquela cena. Aí, ficaram ouvindo as músicas dele, algumas ela não conhecia mas gostava mesmo assim. D. Adelaide contou mais histórias de vida e assim o encontro foi transcorrendo de uma maneira bem gostosa. Falou de como gosta de um baile e que adorava dançar. Quando Terezinha, Cidoca e Lica voltaram da cozinha, tiraram muito mais fotos, inclusive a que Solenta pediu de Cidoca com a "boneca namoradeira". Tiraram, também, foto com o chapéu de Solenta. Depois, D. Adelaide entregou um presente para Solenta. Um lindo colar de tecido, feito por Cidoca, com um gatinho transparente em seu centro. Solenta ficou estupefata. Como elas sabiam de seu amor por gatos? Foi uma atrapalhação Solenta colocar o colar, pois o chapéu atrapalhava. Quando colocou, se sentiu muito importante e agradeceu muito elas todas. Já quase na hora de ir embora o telefone tocou e como Solenta adora falar ao telefone já foi logo pedindo para falar. Era Cláudio, filho de Cidoca. Solenta disse algumas bobagens do tipo: "porque ele não estava lá?" Ele agradeceu a atenção, a visita à vó e deu para sentir como D. Adelaide é amada. Também, como não amar uma criatura tão especial como essa? É uma pena que a hora da despedida chega.
Mas, mais uma vez, Solenta vai embora feliz por saber que D. Adelaide existe.






Terezinha em seus cuidados com D. Adelaide
Dona Adelaide posando para a foto ao lado de Martinho da Vila

A namoradeira e Cidoca (não são mesmo muito parecidas?)

Lica e D. Adelaide também posaram com a boneca

Solenta recebendo seu colar de gatinho e D. Adelaide espiando

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