PAD Palhaço - Construindo um Caminho



Há 11 anos atrás, quando vi pela primeira vez o maravilhoso palhaço catalão Tortell Poltrona, criador da organização "Payasos sin fronteras", fui acometida de um "querer". Esse querer era o de participar de uma missão, como palhaça, para qualquer parte do mundo.
O Payasos sin fronteras hoje existe em vários países e sua missão é "velar e melhorar as condições psíquicas em que vivem as pessoas, particularmente, meninas e meninos dos campos de refugiados, territórios em desenvolvimento e em situações de emergência em todo o mundo". Sempre disse para mim mesma que esse desejo de viajar para um lugar distante, para uma missão na África, Haiti, Kosovo...tinha muito mais a ver com uma vontade de crescimento pessoal do que achar que eu seria mais útil do outro lado do mundo do que em meu próprio país. Mas, nesse tempo, não deixei de pensar no que eu poderia fazer por aqui. E nessa trajetória, fui tendo idéias que cada vez deixavam mais próxima a concretizacão do meu querer. Regiões de extrema pobreza desse nosso enorme Brasil, do interior de meu estado, de minha cidade São Paulo, e por fim, dos arredores de meu bairro...
Aonde existir um ser humano o sofrimento psíquico estará presente, em maior ou menor grau, mas lá está ele. Por vezes tão escondido e silencioso que nem parece existir.
Claro que nesse meio tempo, como palhaça de ofício, trabalhando na rua, instituições, escolas e empresas tive contato com um público bem variado. Bêbados, moradores de rua, meninos entorpecidos com cola, famílias, trabalhadores, executivos... Esse experiência vasta e diversa deixou claro que a RELAÇÃO entre o palhaço e quem com ele interage é o que importa. E se essa relação é viva, sincera, construida tijolinho por tijolinho no momento presente, a experiência pode ser transformadora.
Foi no ano passado, conversando com a minha querida amiga Cláudia, que surgiu a idéia de fazer parte de uma equipe de saúde que vai até as casas das pessoas. Médico, enfermeiro, psicólogo... por que não um palhaço? O supra sumo do meu sonho é que possa existir um palhaço em cada equipe interdisciplinar de saúde. Para mim, o bem-estar é uma questão de saúde pública. A idéia começou a crescer e lancei-a ao mundo. Não demorou muito para a possibilidade de concretização retornar. Minha querida parceira de palhaçadas Marina/Consuelo foi para uma reunião com a Dra. Maria Julia, diretora do setor de enfermagem do Hospital Universitário da USP e, entre outros trabalhos que estamos programando para desenvolver lá, qual foi um dos que ela propôs? Exatamente esse, o de visitas domiciliares através do PAD (Programa de Assistência Domiciliária) do HU.
Após os primeiros contatos, reuniões e uma primeira apresentação da Solenta para toda a equipe do PAD, Solenta iniciou suas visitas nesse Primeiro de Abril de dois mil e nove.
Não é mentira. Solenta encontrou seu lugar "sem fronteiras".

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