SEGUNDO DIA - Seu Paulo





Bem que a Terezinha avisou: A casa é bem cuidadinha, cada detalhe pensado no capricho...
 Um cremoso suco de maracujá estava sendo feito por Irene, a esposa do Sr. Paulo, Solenta já foi logo degustando aquela delícia. O cuidado com a casa reflete no cuidado esmerado que Irene dedica ao Sr. Paulo. Ela tem regularmente a ajuda do irmão, o que possibilita que ela possa ter momentos de respiro do ofício de cuidar. Sr. Paulo se comunica com os olhos, levemente com a cabeça e esboça um beijo quando solicitado.

O ENCONTRO

Solenta aparece no quarto. Seu Paulo olha. Parece um olhar de espanto, espanto bom ou espanto ruim?  Como saber? Todo um modo de comunicação que é ainda uma grande incógnita para Solenta. As vezes um embaraço, um medo de estar sendo inconveniente.   De repente, surge a pergunta: "Como vocês se conheceram?", feita por Terezinha. Solenta se surpreende com a pergunta que parece ter saído de sua própria  boca. Irene puxa o fio da história. Lá no Cartório Eleitoral de Chã de Alegria (só esse nome já é um presente), é que se viram pela primeira vez, se encontraram alguns meses depois na eleição... Coincidências do destino. Solenta puxou seu chocalho/ovo e foi entoando uma canção desritmada e desafinada mas que contava a história deles... Ele pareceu gostar. Gostou? Irene pergunta: "Se sim olha pra cima, se não..." Nem precisou terminar a pergunta, seus olhos apontaram para cima. Ufa! Que bom! Solenta se empolga, canta com Irene músicas que ele gosta "É o amor, que mexe com a minha cabeça e me deixa assim..." "Que beijinho doce, foi ele quem trouxe de longe pra mim...". "Forró? Ih! Não lembro... Ah, tem aquela: "Olha, isso aqui tá muito bom, isso aqui tá bom demais..." e por aí foram se lembrando de pedaços de música, forçando a memória... Irene não deve ter passado muito tempo, se é que passou algum, pela educação formal, o que resultou num linguajar próprio de palavras incompletas e mescladas que é uma delícia de ouvir. Solenta, tocou, cantou, dançou e foi embora prometendo aprender a cantar "É o amor"e a dançar forró.

                                                                                              

                                                                    Nessa visita é que foi ficando claro o caminho que estou querendo trilhar nesse trabalho. Caminho ensinado por minha mestra Naiza, o de devolver a pessoa para ela mesma. Claro que esse é o devolver da Solenta, seu olhar, seu jeito de captar e expressar, é só uma das possibilidades que cada uma delas pode ter, mas é uma possibilidade. Eu gosto que façam isso por mim e por isso gosto de oferecer isso. De onde vem cada um, qual sua história o que viveram... Singulares singularidades

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