QUINTO DIA - Dona Cândida
Chegamos à frente da casa onde se depara um lindo jardim. Fomos recebidas pela sorridente filha Liana, por uma orquídea fartamente florida e pelos latidos de Bruna e Pretinha, as duas cadelas da casa. Dona Cândida tem 87 anos, está acamada em consequência de um AVC e permanece entre a cama e a cadeira de rodas. Ela não consegue falar, mas tem um jeito de se expressar tão próprio que é entendida em quase tudo o que quer dizer. As filhas saem com ela sempre que podem. Bete é a cuidadora amorosa e dedicada e Neguinha é a simpática ajudante da casa.
O ENCONTRO
Foi lindo perceber o espanto contente de Candinha ao ver Solenta. Seus olhos saltaram e um largo sorriso se estampou em seu rosto. Olhava para Liana, Terezinha e Bete com um ar de indagação: "o que é isso?", ou melhor, "quem é essa?" Era um rosto iluminado e Solenta se apaixonou de cara. Como é bom esse amor a primeira vista, principalmente quando correspondido. Solenta pegou em sua mão que era pura maciez e perfume... Ficaram se admirando... Pretinha latia, Liana abria e fechava janela, Terezinha fotografava e elas lá... contemplando uma à outra. Depois dos procedimentos de Terezinha, que foram rápidos e sem complicações, começou a folia. Roberto Carlos é o cantor predileto de Candinha e dá-lhe Solenta tentando lembrar a letra da música "Emoções", e ela apontava para Bete e Liana para dizer que elas sabiam a letra. Solenta pediu ajuda delas e formaram um trio em que cada uma ia lembrando de uma parte e assim chegaram ao final da canção. Aplausos gerais, felicidade das que conseguiram cantar a música inteira e felicidade de Candinha de assistir ao empenho das três. Ficaram um pouco nesse universo Roberto Carlos, cantaram outra música, admiraram foto do rei, teceram comentários. Depois, Solenta desfilou para Candinha seus instrumentos espectaculares: o berimbau de boca vindo da Malásia, a caixa de música vinda de Paris, a escada de Jó. Ela olhava para tudo com olhar de encantamento. Com o rói-rói (brinquedinho do nordeste do Brasil) caiu numa risada larga, demorada e envergonhada que dividia com Bete, sentada ao seu lado.
Mas o que ela mais admirou mesmo foi a vestimenta de Solenta. É que Candinha foi costureira e toda a composição da roupa de Solenta deixou-a encantada. Solenta desfilava, rodopiava, mostrava o acabamento de sua blusa, a combinação com a maleta. Ficou toda orgulhosa.
Candinha foi a primeira pessoa dessa série de encontros que se alternou diversas vezes entre a alegria escancarada e um imenso pesar. Pesar pela sua condição, pelo marido que faleceu, pelo filho distante, pelos gatos que morreram... Mas tão rapidamente como entrava nesse estado saía para um estado de alegria, gratidão, admiração.
Foi uma delícia estar com ela, com todas elas.
Ao final, na despedida, Solenta beijou a mão de Candinha e ela a sua, tão suave e delicadamente que Solenta quase desabou. Candinha chorou, Solenta engasgou, mas logo voltaram a sorrir quando foram lembradas de que poderão se ver outra vez. Inté!
Que mãos deliciosas!!
Solenta querida,
ResponderExcluira Candinha tem mãos lindas mesmo...sempre elogio! E a Candinha é uma delícia de beijar,tocar, ficar perto, sentir o cheiro,né? Eu me sinto honrada em visitá-la...
Gde beijo procê!
Adorei a sua crônica!
Ivy
E essa Solenta, de tão danadinha que é...
ResponderExcluirChamando a todos pra conhecer D. Cândida... suas belezuras...
E agora cativando meu coração pra tentar contar minhas experiências também...
Êta paiacinha danada, sÔ!!!!
Solenta, voce narra de uma forma deliciosa, me transporta para a cena que chego a ouvir os latidos de Bruna e Pretinha.
ResponderExcluirParabéns!!!
Beijão
Solentinha é poetinha em flor
ResponderExcluirQuando encontrar outra flor
é tudo puro amor !!!
Adorei,
Na próxima vez beije as mãos de Candinha por mim !!!