DIVINA - O RETORNO


Ao chegarmos à casa fomos recebidas pela nora de D. Divina, Maria Inês que mora em Araçatuba e veio passar uns dias por aqui. Na casa, Alan e Nathan, bisnetos, as netas Daniele e  Gabriele, de 15 anos, que agora é a cuidadora de D. Divina, e Elvira, a irmã de 94 anos. Como da outra vez, nenhum deles interferiu na visita. Ficaram na sala e só se achegaram quando foram convocados. Somente Elvira ficou por perto, buscou cadeira, ofereceu conforto.
Apesar de D. Divina estar avisada da visita, até parecia que era surpresa, tamanha a euforia do encontro, do abraço. 
Divina e Solenta falaram de saudade e falta, coisas que nos acometem quando ficamos tempos sem um encontro com pessoas queridas. D. Elvira trouxe uma cadeira para Solenta sentar, mas ela preferiu ficar ali ajoelhada ao pé da cabeceira de D. Divina para ficar pertinho, de mãos dadas... Divina disse várias vezes que sentiu saudades de Terezinha também. "A gente sente saudades de quem a gente gosta, vocês me fazem muito bem, me alegram o coração." E Solenta também disse o quanto se alegra por estar lá. É que Divina é dessas pessoas que, ao se encantarem com tudo, nos fazem ficar encantadas também. Ela mostrou a foto do filho que morreu com problemas no coração há um ano atrás. Uma foto que ele tirou na semana do falecimento. Solenta elogiou a beleza dele e suspirou: "é, tão jovem!" D. Divina teceu muitos elogios sobre a nora, que estava lá. E não cansava de dizer o quanto estava feliz com nossa visita. Solenta entregou o presente que havia levado para ela. Divina foi desatando a fita vermelha, buscando a abertura da caixa com uma delicadeza sem par. Quando viu a caneca, adorou e já foi logo dizendo: "que coisa boa pra eu tomar café!" E Solenta ficou quietinha, sem falar nada, deixando ela descobrir o que estava estampado na caneca. E foi lindo ver a surpresa dela quando ela viu a imagem dela e de Solenta. Ela ficou muito feliz. Do outro lado da caneca, havia uns escritos que ela ainda não sabia o que era. E Solenta disse: "a senhora lembra que, da outra vez que eu vim, eu cantei o trecho de uma música mas me esqueci do resto? É essa aí, e hoje eu trouxe a letra para cantá-la inteirinha!" Tirou do bolso a letra da música Rosa, de Pixinguinha e Otávio de Souza. Antes de cantar, já foi logo falando que era um pouco desafinada e disritmada mas que iria se esforçar. Cantou-a do começo ao fim, dando ênfase no momento em que aparece a palavra divina. D. Divina adorou a música e disse que Solenta não era tão desafinada assim. Mas isso é só porque ela é muito bondosa. Ela pediu para ficar com a letra e até arriscou cantar um pedaço. Solenta ficou tão maravilhada que fez um filminho. Solenta achou que tivesse uma gravação da musica em seu pequeno ipod, mas não tinha, e passando pelas músicas, perguntou se ela gostava do Roberto Carlos. Ela disse que adorava. Então Solenta resolveu declarar a ela: "como é grande o meu amor por você" e colocou a música para que ela ouvisse. Ela e a irmã Elvira adoraram, cantaram junto e ficaram também muito interessadas em um aparelho tão pequenino tocando "essa música tão linda." Ao final, Solenta disse que tinha uma outra música que ela sempre pensa que ela mesmo poderia ter composto, pois começa assim: "como vai você? Eu só queria saber da sua vida..." As três cantaram juntas e Solenta fez uma dancinha sentada que levou D. Divina a dizer: "será que minhas pernas vão ficar boas para eu voltar a andar e até dançar?" E  Solenta disse que provavelmente sim e que logo elas poderiam fazer um bailinho. Quem sabe no próximo encontro? Terezinha chamou a família toda para uma foto. Alguns haviam saído, fizemos com quem estava. Solenta e Divina se abraçaram, se beijaram e se abençoaram. Na saída, mais uma vez, todos foram até o portão para acenar. Solenta foi embora leve, leve...

Marisa Monte cantando A Rosa

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