D. Angela - Primeira Visita
As visitas dessa semana foram acompanhadas por Silmara, terapeuta ocupacional do PAD, e por Sara, Tacia e Raquel, estudantes de terapia ocupacional que fazem estágio junto ao programa.
Foi muito boa a companhia delas, um bom apoio para Solenta que, nesse dia, estava se sentindo cansada e vazia.
D. Angela tem 80 anos e diagnóstico de alzheimer, entre outras moléstias, e está acamada desde fevereiro. Se comunica, acima de tudo, com expressões faciais e fala muito pouco. Mora, no fundo da casa de um de seus filhos, com o marido Michelle, que conta com a ajuda de uma cuidadora que não estava na casa no momento.
O ENCONTRO
D. Angela estava deitada na cama hospitalar e ao avistar Solenta fez uma expressão de surpresa difícil de decifrar. Solenta foi para o lado da cabeceira da cama e começou sua aproximação. S. Michelle levou Silmara para cozinha pois queria conversar sobre alguns assuntos longe da esposa. Na ausência do marido, ela pronunciou uma longa frase, com uma voz tão forte e clara que Solenta se surpreendeu, pois apesar dela ser uma mulher muito forte, talvez por ela estar deitada, coberta até o pescoço, e levar tanto tempo para falar, passava a impressão de que sua voz soaria fraca e trêmula. Solenta tentou cantar Mérica Mérica, uma canção do folclore italiano cantada por Caetano Veloso na trilha sonora do filme O Quatrilho. Era bem engraçada a expressão de D. Angela quando Solenta desafinava. Depois Solenta perguntou se ela poderia lhe dar a mão. Muito desconfiada, ela tirou o braço de debaixo das cobertas e deu a mão para Solenta que a beijou e disse: "hum, que cheiro bom! É cheiro de..." "de comida", ela completou. E isso deu início à brincadeira que permeou o encontro inteiro, Solenta tentando adivinhar que comida era. Falou uma lista enorme de doces e salgados. As meninas ajudavam soprando mas não conseguiam adivinhar. O máximo que conseguiram foi saber que era doce. Mas ela não deu nenhuma outra pista. Quando S. Michelle voltou para o quarto, Solenta tentou saber um pouco da história deles, mas o único que descobriu foi que eles vieram de Salerno, na Itália, há 55 anos e que ele chegou aqui antes dela. O único momento que S. Michelle gargalhou foi quando D. Angela soltou um "mama mia!" para alguma bobagem que Solenta fez. Só ele entendeu e traduziu para elas. Solenta apresentou alguns instrumentos para D. Angela, dançou ao som de sua gaitinha, cantou, falou bobagens, mas o barulho de uma máquina de lavar funcionando praticamente ao lado da cama de D. Angela, as poucas palavras de S. Michelle, a falta de concentração de Solenta, fizeram do encontro um quase encontro e Solenta só não ficou mais triste pois Silmara, Sara, Tácia e Raquel disseram, já no carro, o quanto perceberam D. Angela mais participativa e expressiva. Realmente, D. Angela até fez aceno de despedida para Solenta e depois despediu de cada uma delas, mas a pobreza desse relato diz muito da falta de consistência do encontro. Una lástima!
Solenta cantando para D. Angela
Foi muito boa a companhia delas, um bom apoio para Solenta que, nesse dia, estava se sentindo cansada e vazia.
D. Angela tem 80 anos e diagnóstico de alzheimer, entre outras moléstias, e está acamada desde fevereiro. Se comunica, acima de tudo, com expressões faciais e fala muito pouco. Mora, no fundo da casa de um de seus filhos, com o marido Michelle, que conta com a ajuda de uma cuidadora que não estava na casa no momento.
O ENCONTRO
D. Angela estava deitada na cama hospitalar e ao avistar Solenta fez uma expressão de surpresa difícil de decifrar. Solenta foi para o lado da cabeceira da cama e começou sua aproximação. S. Michelle levou Silmara para cozinha pois queria conversar sobre alguns assuntos longe da esposa. Na ausência do marido, ela pronunciou uma longa frase, com uma voz tão forte e clara que Solenta se surpreendeu, pois apesar dela ser uma mulher muito forte, talvez por ela estar deitada, coberta até o pescoço, e levar tanto tempo para falar, passava a impressão de que sua voz soaria fraca e trêmula. Solenta tentou cantar Mérica Mérica, uma canção do folclore italiano cantada por Caetano Veloso na trilha sonora do filme O Quatrilho. Era bem engraçada a expressão de D. Angela quando Solenta desafinava. Depois Solenta perguntou se ela poderia lhe dar a mão. Muito desconfiada, ela tirou o braço de debaixo das cobertas e deu a mão para Solenta que a beijou e disse: "hum, que cheiro bom! É cheiro de..." "de comida", ela completou. E isso deu início à brincadeira que permeou o encontro inteiro, Solenta tentando adivinhar que comida era. Falou uma lista enorme de doces e salgados. As meninas ajudavam soprando mas não conseguiam adivinhar. O máximo que conseguiram foi saber que era doce. Mas ela não deu nenhuma outra pista. Quando S. Michelle voltou para o quarto, Solenta tentou saber um pouco da história deles, mas o único que descobriu foi que eles vieram de Salerno, na Itália, há 55 anos e que ele chegou aqui antes dela. O único momento que S. Michelle gargalhou foi quando D. Angela soltou um "mama mia!" para alguma bobagem que Solenta fez. Só ele entendeu e traduziu para elas. Solenta apresentou alguns instrumentos para D. Angela, dançou ao som de sua gaitinha, cantou, falou bobagens, mas o barulho de uma máquina de lavar funcionando praticamente ao lado da cama de D. Angela, as poucas palavras de S. Michelle, a falta de concentração de Solenta, fizeram do encontro um quase encontro e Solenta só não ficou mais triste pois Silmara, Sara, Tácia e Raquel disseram, já no carro, o quanto perceberam D. Angela mais participativa e expressiva. Realmente, D. Angela até fez aceno de despedida para Solenta e depois despediu de cada uma delas, mas a pobreza desse relato diz muito da falta de consistência do encontro. Una lástima!
Solenta cantando para D. Angela
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