D. Angela - Retorno
Dona Angela foi a segunda visita do dia e Solenta estava super feliz com a visita anterior e com a companhia de Silmara, Ivete, Raquel, Sara e Tácia. Quando chegaram até a casa dela, a grande janela que fica ao lado da cama de D. Angela estava completamente aberta e Solenta preferiu ficar ali, do lado de fora, para ter a sensação de que estava fazendo uma serenata ao mesmo tempo em que ficava quase que totalmente debruçada sobre a cama. Na casa, estava também S. Michelle, esposo de D. Angela. A cuidadora, como na primeira visita, não se encontrava. Será uma pena resumir essa visita que foi tão rica em detalhes, mas tenho que me conformar com o registro escrito em época de final de ano em que a falta de tempo insiste em incomodar como um sapato apertado. Depois dos cumprimentos iniciais, Solenta anunciou que havia levado uma lista com nomes de doces italianos para saber de qual doce D. Angela estava falando quando, no primeiro encontro, disse que suas mãos estavam cheirando comida. Solenta, Silmara, Raquel, Sara e Tácia não conseguiram advinhar, só descobriram se tratar de doce e não de salgado. Então, Solenta fez a tal lista. Quando começou a falar os nomes dos doces, S. Michelle disse que aqueles eram nomes de doces modernos e que eles não os conheciam. Falou que o único doce de que se lembrava, da época em que viveu na Itália, era de uma pizza, bem grande e doce. Mesmo assim, Solenta continuou lendo sua lista e quando chegou no nome Struffoli, o rosto de D. Angela se iluminou, deu um sorriso e acenou com a cabeça como quem diz: "é esse!!" Solenta deu pulos de alegria, mas S. Michelle disse que aquele era nome de um salgado e não de um doce. Como ela sabia que algumas massas são base tanto de doces como de salgados, ela insistiu: "mas não pode ser doce, também?" Por fim, ele se lembrou que podia e que era um doce típico da época de natal. Aí foi uma felicidade geral, com o natal se aproximando, acho que a imaginação de cada um que estava ali voou para idealizar um doce bem gostoso que abriu nossos apetites. Agora que estou escrevendo esse relato, é claro que já recorri ao google e ao you tube para satisfazer minha curiosidade e colocar aqui os links para dividir com todos o que descobri ser, na linguagem dos adeptos de dietas, uma verdadeira bomba calórica, mistura de fritura com muito açucar e mel. Mas no vídeo encontrado dá para perceber que parece ser um doce muito divertido de confeccionar.
Na sequência do encontro, Solenta pegou seu pequeno ipod, pois infelizmente não encontrou em disco de vinil a música Mamma que tocou para D. Angela. Levou também a música escrita em uma folha de papel para acompanhar e cantar para ela. Agora sim, chegou o momento da serenata e Solenta soltou o gogó:MAMMA SON TANTO FELICE
PERCHE RETORNO DA TE
LA MIA CANZONE TI DICE
CHE IL PIU BELGIORNO PER ME
MAMMA SON TANTO FELICE
VIVERE LONTANO PERCHE?
e por aí foi...
Seu Michelle disse que essa música é muito antiga. "Mais velha que eu!" D. Angela parecia bem com a cantoria. Suas expressões eram bem engraçadas. Depois da farra musical, Solenta entregou o presente: uma caneca com a foto dela e de Solenta e com um trecho de uma canção italiana que ela havia cantado para D. Angela. Em cima da caixa que guardava a caneca, havia colocado um nariz de palhaço. A caneca mesmo pareceu não interessar D. Angela e ela também pareceu não reconhecer quem estava na foto, mas quando Solenta jogou o nariz dentro da caneca, o barulho feito parece ter acendido dentro dela algo que não foi possível saber. Silmara perguntou a ela o que era aquela bola vermelha e pela primeira durante esse encontro ela falou com a voz alta e clara:
"a tampa que tava em cima." É uma pena que ela fale tão pouco, pois ela tem um sotaque delicioso. Todos se surpreenderam quando ela começou a usar a mão direita tirando o nariz de dentro da caneca e tentando colocar de novo. Levou certamente mais de três minutos para ela conseguir colocar o nariz de volta e nesse tempo ficamos todas em silêncio absoluto. Falo todas pois S. Michelle havia ido para a cozinha conversar com Ivete. Decorrido um bom tempo, Solenta teve dúvidas se ela estava mesmo concentrada na tarefa de colocar o nariz na caneca ou se estava tentando escutar o que S. Michelle conversava na cozinha. É que ele tem uma voz rouca e alta e paira na casa um assunto muito grave que não foi comunicado diretamente para D. Angela. Talvez por isso Solenta quebrou com o silêncio tocando seu pandeiro e perguntando para Tácia se ela sabia cantar a tarantella. Tácia já havia lido a letra da música Mamma a pedido de Solenta que havia adorado sua destreza com a lingua italiana. Infelizmente ela não sabia. Então Solenta puxou um pedaço do Funiculi Funiculá de que ela só sabia o refrão. E ainda deu uma de metida, explicando que Funiculi Funicula era uma variação para "funicular", uma espécie de bondinho/trenzinho que subia morros. Nesse momento, seu Michelle já estava voltando para o quarto e concordou com tudo o que Solenta falou, inclusive que esse "funicular" era de Nápolis, perto de sua terra natal. A visita estava boa, mas já era hora da despedida e, para esse momento, Solenta entrou para dentro do quarto para abraçar D. Angela e S. Michelle. Todos se despediram e assim chega ao fim mais uma tarde maravilhosa.
D. Angela tentando colocar o nariz dentro da caneca
Tácia lendo a letra da música Mamma
Silmara vendo a foto estampada na caneca
Dona Angela dando a mão para Solenta
A receita de Struffoli está em Italiano, mas prestando bastante atenção dá até para fazer!
http://www.youtube.com/watch?v=g2h7aeAWVB0
La canzione Mamma
http://www.youtube.com/watch?v=wHqP5FFoyf0
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