S. Querobino - Retorno

PRÊAMBULOS
Na primeira visita a S. Querobino, Solenta não conseguiu levantar nada de material de sua história e de seus gostos. Por conta disso, ficou muito perdida em relação ao que levaria para ele nesse retorno. A única informação que tinha era de que a família veio de Minas Gerais, mas não sabia nem de qual cidade. A única coisa que conseguiu pensar é que, como uma típica família mineira, provavelmente eles fossem ligados a manifestações populares e religiosas como a Folia de Reis. E assim pediu ajuda a seu amado Reynaldo, pesquisador incansável das maravilhas da vida do sertão de Minas, que lhe mostrou a filmagem de uma dessas folias. Desse material, extraiu o verso usado antes de entrar em cada casa, a melodia e a forma como o coro repete os versos do puxador.
Nesse dia, para sorte de Solenta, além da T.O. Silmara, participaram da visita Sara, Tácia e Raquel (estágiarias de T.O.) e também Ivete, psicóloga do PAD. Mas havia ainda um problema. Solenta não tinha certeza se a família era católica e teve receio de que, se não fosse, a surpresa não seria muito boa. Por sorte, a enfermeira Ivy pôde lhe dar a preciosa informação de que sim, eles eram católicos.
Foi uma felicidade. Primeiro Solenta distribuiu filmadora, que ficou com Ivete, e máquina fotográfica, com Raquel. Pegou seu pandeiro e, durante o trajeto até a casa, dentro da Van, fizeram um ensaio de como seria a cantoria. Como só o primeiro verso era certo e o resto seria improvisação, com os elementos do momento, foi isso que Solenta fez: cantou o primeiro verso, ensinou-as como repetir, e improvisou um pouco com o que elas estavam vivendo ali naquele trajeto. Porém, na hora Solenta resolveu, do nada, simplificar, fazendo o verso mais curto, com menos repetições. Acho que elas ficaram pensando: "pra que aquele ensaio se agora foi tudo diferente?" O mais lindo de tudo foi perceber como elas acompanharam sem questionamentos, sem fazer cara de "mas não foi isso o que combinamos." Como agradeço todas elas! Elas não imaginam como foram parceiras de sonho de qualquer palhaço! Pessoas que dizem SIM e seguem junto.

O ENCONTRO
Solenta entrou na frente com seu pandeiro, puxando o verso: "senhor e dono da casa, dá licença d'eu entrá, dá licença d'eu entrá." E a partir daí, começou a improvisação: "nóis viemo pra visita, para ti acarinhá", e o coro repetindo: "para ti acarinhá." Solenta seguiu improvisando de seu jeito tosco mais um pouco, mas S. Querubino já havia caído no choro desde a primeira estrofe. Então, ela lhe perguntou: "vamos continuar a cantar?" E, como ele concordou, ela cantou mais um pouco. Depois, todos se mobilizaram para colocar a cama na posição em que S. Querobino pudesse ficar sentado. E Solenta improvisou mais versos para esse momento. Depois ficou quietinha, ao lado de D. Maria, só observando o trabalho das filhas, a movimentação. Quando S. Querobino já estava sentado, ela pegou o embrulho com o porta retrato e pediu para D. Maria ajudá-lo a abrir. Mais uma vez S. Querobino chorou e D. Maria, abrindo o presente, falou: "ó, tô abrindo seu presente. Muito bonito seu presente." E Solenta disse: "mas a senhora nem abriu, como sabe que é bonito?" Não conseguiu segurar essa piada boba. Na sequência, Solenta entregou uma foto que tentou tirar de todos no primeiro encontro, mas nem todos saíram, pois a aba de seu chapéu tampou alguns deles. Então, dessa vez, resolveram organizar direito. Arrastaram a cama que estava ao lado da parede para que fosse possível ficar dos dois lados da cama. Agora sim, cada um com um lugarzinho, mesmo que apertadinho. Primeiro, Ivete tirou uma foto em movimento (fez uma pequena filmagem). Depois, Solenta e Tácia se revesaram para tirar uma foto. Solenta ainda pediu para tirar uma foto de D. Maria beijando seu Querobino, fazendo biquinho e tudo, gesto que ela havia acabado de fazer. Depois, D. Maria disse porque seu Querobino ficou emocionado com a entrada de nossa Folia no quarto É que, quando moravam em Caratinga, Minas Gerais, S. Querobino era Folião, seguia as folias de Reis, de São Sebastião e do Divino. Marinalva, a filha de S. Querobino, disse ainda que ele tem um CD de músicas de folia que eles esconderam pois, toda vez que ele ouvia, chorava. Solenta ficou um pouco preocupada de eles acharem ruim dela tê-lo feito chorar e disse: "mas deve ser um choro de emoção, de saudades... deve fazer bem..." Não é possível ter certeza, mas Solenta realmente acredita nisso. Sempre diz que o riso e o choro são dois lados da mesma moeda, a gente só não pode é enroscar em um lado só. Como S. Querobino estava muito sonolento, percebemos que era hora de ir embora. Solenta fez mais alguns versos de despedida e lá foram. Uma pena, pois D. Maria começou a contar algumas histórias de folia de Reis que viveram no passado. Mas as meninas todas já estavam no carro esperando por Solenta.

D. Maria fazendo biquinho para beijar S. Querobino

S. Querobino no centro dos foliões (ou melhor, das folionas)

com o porta retrato

Depois de ter já publicado essa postagem descobri no you tube esse link de uma Folia de Reis da cidade de S. Querobino, Caratinga. Será que era desse grupo que ele fazia parte???
http://www.youtube.com/watch?v=ygOYh0byvfo

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