D. Thereza - Retorno

Antes de chegar à casa, Solenta peguntou para Dominique: "Você conhece D. Thereza? Não? Você vai adorá-la. Ela é linda!!!"
Quando chegamos, ela estava na cozinha, fazendo um lanchinho, e nos recebeu com braços abertos e abraços sempre fortes e acolhedores.
Ficamos na cozinha mesmo e o papo foi tão bom que até esquecemos de levar Dominique até o quarto de D. Thereza para apresentar sua enorme coleção de bonecas. D. Thereza sempre diz que coleciona bonecas pois quando era criança não podia tê-las, então hoje todo mundo a presenteia com bonecas dos mais variados tipos e materiais. Até Solenta levou uma bonequinha de cerâmica que ela mesmo fez para presentea-la. D. Thereza contou que, quando criança, fazia bonecas de palha de milho. Costura desde menina as próprias roupas e de suas bonecas de palha. Como disse no relato anterior, D. Thereza é ao mesmo tempo delicada e forte. Trabalhava pesado na roça, "plantando milho, feijão... baldeando água do rio" e, à noite, costurava, bordava, tricotava sob a luz de uma fraca lamparina. É, os tempos eram outros e as dificuldades também. Nada de facilidades do tipo apertar um interruptor que acende uma lâmpada. Nada de abrir uma torneira para jorrar água. Nada de riscar um fósforo e acender a chama de um fogão a gás... A água era retirada do poço ou baldeada do rio em um bigolo, a luz era de uma lamparina de querosene, o fogão necessitava de lenha... e por aí ia. Ah, Solenta também perguntou o que era bigolo: dois baldes, cada um amarrado a extremidade de um pau que era carregado nos ombros.
Solenta adora ficar ouvindo D. Thereza e nessa visita, particularmente, estava muito interessada na "fórmula" para chegar aos 90 anos tão linda e tão vigorosa. Sim, vigorosa, quando abraça, abraça forte, quando pega pelo braço pega de verdade, beija de verdade, não se vê o menor sinal de fraqueza. E entre uma história e outra Solenta foi colhendo as informações: um copo de vinho às refeições, querer bem todas as pessoas, nunca brigar, dançar, gostar de trabalhar...
Tia Lu, filha de D. Thereza, nos fez uma refrescante limonada para espantar o calor intenso que fazia. A hora ia avançando e por diversas vezes começamos as despedidas, mas D. Thereza tinha sempre mais umas coisinhas para contar e foi bem difícil despedir. Muitos abraços e beijos e Tia Lu nos convidou para o aniversário de 91 anos de D Thereza que será no dia 04 de abril. Solenta saiu de lá pensando que, da lista das coisas que tem que praticar para ter uma vida longa, só falta um copo de vinho às refeicões. Começo amanhã.


Conversa de "cumadres"
Dominique, D. Thereza e Ana Sílvia
D. Thereza e Tia Lu
D. Thereza não se reconheceu na foto do porta retrato, disse que a vista não está muito boa...

Comentários

  1. Minha querida,

    Seu blog continua maravilhoso.
    Fico tão orgulhosa dos pequenos e singelos detalhes que servem de tijolinhos para cada depoimento...

    Novamente.... sou sua fã!

    beijinho,
    irmandhinha

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