S. Antonio - Primeira Visita

Visita realizada no dia 16/06.
Mais uma vez, começo a escrever o relato após mais de um mês da visita, o que é verdadeiramente uma pena pois esse foi um encontro delicioso, cheio de surpresas, e que deixou uma enorme sensação de quero mais. Seu Antonio tem 76 anos e mora com a esposa Linez, a filha Elaine (se não me engano), o genro Assad e a neta Samira.

O ENCONTRO
Ainda estávamos descendo do carro quando D. Linez apareceu para abrir o portão. Um sorriso tão lindo que Solenta nem esperou Terezinha para apresentá-la e já foi logo entrando, abraçando e beijando. Ao passar pela copa e avistar os azulejos, Solenta se sentiu transportada para um passado/presente de aconchego. Azulejos azuis esverdeados ou verde azulados, iguais aos de sua casa de infância, iguais aos da casa em que seus pais moram ainda hoje. D. Linez disse que S. Antonio estava dormindo, mas quando entraram na sala onde ele estava deitado no sofá, estava acordado, com o radinho de pilha ligado ao seu lado. Terezinha entrou primeiro dizendo que havia levado uma surpresa para ele. E ele abriu um largo sorriso quando viu Solenta. Terezinha estava terminando suas medições e investigações quando pediu para S. Antonio mostrar como estavam as articulações de seus joelhos. Ao ver aquela imagem dele balançando a perna, Solenta disse: "parece até que estou vendo você (ele preferiu ser chamado de você e não de senhor) sentado em uma ponte, com uma vara na mão, só esperando o peixe morder a isca". E ele, imediatamente, falou: "como você sabe que eu adoro pescar?" Completou dizendo que pescou a vida toda, desde moleque, e depois também com os filhos. Disse que seu filho Gilberto também é apaixonado por pescaria. Terezinha sempre me olha com cara de espanto quando essas coincidências acontecem. Não tento buscar explicação, sinto apenas que a maioria dessas coincidências acontecem com pessoas com que o fio de empatia se tece mais rápido e, também, nos dias em que estou mais aberta e permeável para apreender o outro em toda sua amplitude de expressão: fala, gestos e olhares.
S. Antonio é um contador de causos, contou algumas histórias de sua época de moleque, época em que caçava patolim no parque do Ibirapuera e outras tantas travessuras. Foi uma criança feliz e parece que também proporcionou isso aos filhos.
Logo no começo da visita, S. Antonio e D. Linez ranhetaram um com outro em relação à comunicação. Ele dizia que ela não ouvia quando ele chamava, ela dizia que ele ficava chamando toda hora e em momentos que ela não podia atender, quando por exemplo está no fundo da casa lavando roupa. Solenta então brincou que eles precisavam instalar lá um telefone de latinha. Eles adoraram a brincadeira e D. Linez disse que brincou muito disso quando era criança. Começou então a se lembrar de outros brinquedos como a perna-de-pau e a de latinha. Disse que sua mãe, espanhola de sangue quente, quando ficava brava dizia: "niña si tu haces esto te voy a dar una paliza." Depois de imitar a mãe, ela olhou para Solenta e indagou se ela sabia o que significava isso e Solenta rapidamente respondeu que sim e traduziu "menina se você fizer isso eu vou te dar... " e fez um gesto de bater. Foi uma gostosura ver a expressão de felicidade de D. Linez ao perceber que Solenta havia entendido o que sua mãe dizia. Então, Solenta começou a brincar de falar em seu espanhol para lá de tosco, todos se divertiram muito. Solenta perguntou para S. Antonio se ele também era decendente de espanhóis e ele disse que não, que era de italianos. E dá-lhe Solenta brincar de falar um italiano macarronico, muito pior que o de novela. Pois é, a família é uma grande miscigenação, bem brasileira. Perto do final da visita, chegou o genro deles, que é árabe. Solenta o fez repetir seu nome pelo menos umas dez vezes, não só porque adora a sonoridade dos nomes e do sotaque árabe, mas também para conseguir guardar aquele nome tão comprido e complexo. Ainda assim não conseguiu aprender um dos sobrenomes. 
Num determinado momento do encontro, S. Antonio estava dizendo para Terezinha que percebeu que um determinado exercício passado pela fisioterapeuta estava fazendo muito bem e que ele estava percebendo a evolução. Foi quando ele usou a expressão: "tomei amor pela coisa". Tomou amor pela coisa e começou a exagerar no tanto de vezes que repetia o exercício. Terezinha falou para ele não fazer mais do que o que foi indicado. Solenta adorou essa expressão que ele repetiu mais de uma vez: "tomei amor..."  Solenta tomou amor por esse casal. Mas infelizmente a hora de ir embora chega e a despedida foi com muitos abraços e beijos e um desejo de breve retorno.








S. Antonio, na nossa chegada
 
Terezinha, S. Antonio e a jovial Linez - trio simpatia

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