D. Auta - Retorno

Que brava que fico comigo mesma por tantas vezes não conseguir escrever o relato na própria semana da visita! Essa distância entre o vivido e a narração me faz perder coisas preciosas que acontecem a cada encontro. 
D. Auta já havia recebido alta quando fomos fazer o retorno. Antes da visita, quando ainda estava nas preparações, eu andei obstinadamente atrás de um "boizinho" de Bumba. Afinal, na visita anterior, ela havia entoado um trecho de uma música que ela cantava quando fazia parte de um grupo de "Auto do Boi". Só consegui achar um lindo boizinho azul na própria manhã da visita.
Quando chegamos na frente da casa, Solenta estranhou e disse para o motorista que ele tinha levado ela e Terezinha para o lugar errado. Mas, a verdade, era que D. Auta havia se mudado de casa. A família achou melhor mudar para uma casa sem escadas na entrada, uma vez que agora D. Auta está em cadeira de rodas. Quando chegamos, ela estava na cozinha e recebeu Terezinha e Solenta de braços abertos. Foi um encontro bem gostoso e uma surpresa boa ver como ela estava melhor. Durante o encontro, algumas pessoas passaram pela cozinha, mas a filha Neca ficou o tempo todo e participou ativamente. Lembrou com a mãe histórias da vida e trechos de músicas que elas cantavam. Neca disse que D. Auta teve a vida que quis, que viajava sempre que queria e que até tomava umas "biritas" nas festas e danças que participava. Agora era momento de ficar mais sossegada. D. Auta concordava, com um olhar meio distante, o mesmo olhar que percebi em nosso primeiro encontro. Um olhar que parece atravessar tempos e morros. Ela adorou o boizinho, mas parece que ela gostou mesmo foi da florzinha de plástico que veio enfeitando o embrulho do presente. Ela colocou a flor para enfeitar o cabelo. Foi um dia muito feliz. D. Auta estava divertida, sorridente a maior parte do tempo. Como faz bem ao coração ver pacientes melhorando tão rapidamente!



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