Ana Catulina - Primeira Visita

Na portaria do hospital, com Ricardo e Andréa. Solenta sempre fazendo bagunça na entrada do terceiro andar.

As acompanhantes do dia: Dani e Terezinha

D. Ana e D. Olinda (ao fundo)
Dona Ana Catulina tem 98 anos e sofre de insuficiência cardíaca crônica. Quando chegamos ela estava deitada, mas quis se sentar para nos receber.
Ela tem 6 filhos, 22 netos, 24 bisnetos e 4 tataranetos. Ufa!! uma família prá lá de grande.
Quem nos recebeu foi Carmem, casada com um dos netos de D. Ana. Ela não ficou durante o encontro, mas a recepção foi muito boa.
Parece que, às vezes, eu acabo esquecendo o quão inusitado pode ser a chegada inesperada de uma palhaça em uma casa. É claro que, com o advento dos Doutores da Alegria, as pessoas já conseguem enxergar algum sentido, fazer alguma conexão. Mas a dimensão da peculiaridade do trabalho em questão, só a partir do próprio encontro. E cada encontro segue um rumo próprio que, às vezes, penso em categorizar. Coisas como: esse foi um encontro de comadres, esse foi um encontro bem palhaçal, esse outro mais denso, esse forte, aquele leve... e assim por diante. Mas confesso que não consigo estabelecer categorias fixas que possam me nortear e assim sigo somente me entregando para o encontro com o estado em que me encontro.
Bom, mas deixemos as divagações de lado e passemos ao encontro.
Quem cuida de Dona Ana é a irmã Sebastiana, também chamada de Taninha. Ela ficou mais afastada, conversando com a enfermeira Terezinha, mas a outra irmã delas, D. Olinda, ficou o tempo todo junto. Ela disse que D. Ana cuidou dela quando ela era pequena, uma vez que ela é 10 anos mais nova, e que agora ela é que está ajudando a cuidar de D. Ana. D. Olinda chama D. Ana de Niquinha.
Foi uma grande surpresa quando Solenta descobriu que D. Ana é mãe de Maria de Lourdes, enfermeira do Centro Obstétrico do HU. Solenta teve o prazer de conhecê-la em uma vivência que fez com o pessoal de enfermagem desse setor.
D. Ana nunca gostou de dançar. Mas de viajar sim, e muito. Gostava de viajar para Barra do Chapéu, perto de Apiaí que é sua cidade natal. Viagem e pescaria são sua paixão. Ficar na beira do rio esperando o peixe fisgar. Descamar, preparar, fritar, mas comer... não, de jeito nenhum, não gosta de peixe.
Solenta tocou um pouco em sua pequena gaita, colocou sua caixinha de música para tocar, dançou...
A visita foi bem calma e tranquila. D. Ana fala bem baixinho e em muitas vezes foi necessário pedir para ela repetir o que havia dito, pois estava difícil ouvir. Já no final da visita, ela pediu para deitar, pois estava ficando cansada. Era o sinal de que a hora de ir embora estava se anunciando. Assim nos despedimos. Solenta beijou D. Ana e nesse momento ganhou o dia, quando D. Ana, após olhá-la de cima abaixo, disse: "você é muito bonita".  Solenta, depois de muito agradecer a permissão da visita, foi embora feliz, feliz.

Antes mesmo de publicar essa postagem soube do falecimento de D. Ana. Só tenho a agradecer ter tido a oportunidade de conhecê-la antes dela ir "tocar violino no céu", como diz minha mestra Naiza.

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