Alfredo e Cacilda

Depois de uma longa pausa, Solenta volta às suas visitas acompanhada de Terezinha.

Assim que tocamos a campainha, quem primeiro nos recebeu, com seus latidos, foi Ode, o cachorrinho da casa. Logo veio D. Cacilda nos abrir o portão. A surpresa de dar de cara com uma palhaça parece ter sido boa e o abraço afetuoso que Solenta recebeu foi a confirmação disso. Poderia ter demorado uns cinco minutos nesse momento abraçante. E, quando entramos no quarto em que se encontrava seu Alfredo, ele abriu um sorriso tão gostoso que Solenta se desmanchou.

S. Alfredo é cuidado por D. Cacilda e uma ajudante, acho que o nome dela é Jessa, mas não tenho certeza. Ela está com eles há três anos e meio e parece gostar do que faz. A casa tem fotos por todos os lados, para delírio de Solenta que adora. Assim, ela pôde conhecer os netos e a filha deles. D. Cacilda é uma pessoa extremamente simpática e contou histórias incríveis.

O casal veio de Portugal, quer dizer, não como casal e é uma história linda. Se conhecem desde criança, moravam na mesma aldeia de Paranhos de Besteiros, concelho de Tondela, distrito de Viseu, região que produz queijo de leite de ovelha, muito famoso pelo mundo afora. Bem, mas voltando à história, S. Alfredo veio para o Brasil e ela ficou lá. Acho que eles se correspondiam por carta e, passado um tempo, D. Cacilda enviou um retrato dela para ele. S. Alfredo levou esse retrato para um amigo fotógrafo que fez uma montagem com uma foto dele ao lado, um atrevimento para a época. Essa montagem não cheguei a ver mas abaixo tem a foto original dela. Depois disso ele voltou para Portugal para buscá-la e se casarem. Logo, logo completam cinquenta anos de casados.  S. Alfredo soltou um sossiso maroto quando Solenta disse: "Aí, S. Alfredo o senhor não foi marcou bobeira não... foi atrás de seu amor." Foi lindo de ver.

Infelizmente, S. Alfredo estava meio sonolento e pouco comunicativo. Apesar de nitidamente estar gostando da visita, o sono foi mais forte e ele adormeceu.

Antes de irmos embora, enquanto Terezinha fazia anotações na pasta, D. Cacilda foi para um quarto da casa e voltou com presentinhos para nós: sabonetes para perfumar nossas vidas.

Solenta foi embora já pensando no retorno. Mas antes, é claro, usufruiu mais um pouco do abraço gostoso de D. Cacilda.

Feliz por mais uma visita.







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